segunda-feira, 15 de setembro de 2008

HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO DO MUNICÍPIO

Pelo Decreto Lei Estadual 557 de 30 de março de 1938 Veadeiros surge como distrito de Cavalcante.
Em 12 de dezembro de 1953 pelo decreto estadual Nº 808, ainda com o nome de Veadeiros, Alto Paraíso foi elevado à categoria de município, desmembrando-se de Cavalcante e, em termos judiciários, pertencendo à Comarca de Formosa e Veadeiros.
Pela Lei Estadual 4.685 de 15 de outubro de 1963, passa a denominar-se Alto Paraíso de Goiás.
Portanto, a divisão geo-política da Chapada é relativamente recente, pois os municípios da região são originários de uma subdivisão de Cavalcante, antigo núcleo de colonização decorrente do período de pico do extrativismo aurífero nacional.
Classicamente se atribui a Francisco de Almeida o pioneirismo de se estabelecer como fazendeiro, por volta de 1750, num sítio que passou a ser conhecido como Veadeiros. O topônimo se refere não ao veado propriamente dito mas sim ao cachorro utilizado para farejar e perseguir o animal durante as caçadas.
Em seu estado primitivo, a Chapada talvez só conhecesse seres humanos devido à travessia eventual de silvícolas de um vão para outro. Na gênese de sua colonização são feitas referências aos índios localizando-os nas zonas mais quentes em volta da Chapada dos Veadeiros, sendo identificadas duas tribos: dos Crixás e dos Canoeiros.
As fazendas de Francisco de Almeida e Firmino de Almeida Salermo, José Pereira Barbosa e Manuel Caboclo foram geradoras do primeiro núcleo povoado na região em meados do século XVIII, dando início ao processo de colonização com cultivo de frutas, milho, café e pecuária.
Intimamente ligada ao desenvolvimento desta região encontra-se a cultura do trigo, realizada não só na Chapada dos Veadeiros como em diversos outros lugares de Goiás.
Em 1780 a região do entorno de Cavalcante já possuía quatro engenhos de trigo. Há notícias de que o trigo foi plantado pela primeira vez em Veadeiros por Francisco José da Silva Bastos, na Fazenda Volta da Serra, próxima ao Córrego São Miguel. Foi seguidor deste produtor o seu genro Antônio Pinto de Castro que se estabeleceu no lugar denominado Moinho, sendo essa designação dada por se constituir no primeiro local da Chapada onde foi construído um equipamento para produção de farinha de trigo.
A partir de 1808 a produção tritícola teve trajetória ascendente em toda a região e em 1862 foi registrada a exportação de 20 toneladas de trigo pelo município de Cavalcante.
A produtividade expressiva foi mantida até 1890, quando defrontou-se com a falta de mão de obra provocada pela libertação dos escravos em função da Lei Áurea. A produção foi diminuindo até sua total extinção no início deste século.
O pioneirismo de inaugurar na região o movimento esotérico e espiritual se deve ao esperantismo que, em meados da década de 1950, instalou próximo ao Parque Nacional, a primeira Fazenda Escola da região – Fazenda Bona Espero.
Em meados da década de 1960, funda-se mais uma Fazenda Escola desta vez por uma organização espírita, de natureza Kardecista, batizada com o nome de Cidade da Fraternidade. A partir daí, a migração dá um novo passo significativo, abrindo caminho para outros "buscadores" espirituais.
Ao findar seu mandato, o presidente Juscelino Kubitschek, antecipando-se a todos os movimentos ambientais e acatando as sugestões da Fundação Brasil Central ( proposta em carta dirigida ao mesmo em 4 de outubro de 1960), cria em 1961 o Parque Nacional do Tocantins, com área de 625 mil hectares e que nos anos seguintes (1971 e 1980) foi diminuído drasticamente até atingir os atuais cerca de 65 mil hectares. Vale a pena frisar que o atual processo de ocupação da região deve-se basicamente à existência do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros que propiciou o desenvolvimento de denominado eco-turismo.
De 1950 até 1980, na esteira do processo de marcha para o oeste, a região vai sendo, progressivamente, incorporada ao processo de modernização da própria sociedade brasileira. Para tanto, muito teria contribuído o novo ciclo econômico inaugurado pela política de Juscelino Kubitschek, centrado no Plano de Metas, na construção de Brasília e na criação de incentivos à formação de colônias agrícolas avançadas.
No final da década de 1970 e início da década de 1980, Alto Paraíso era um das regiões que apresentavam importância especial na ótica do Plano de Ação do então Governador de Goiás, Sr. Ary Valadão, colocando ênfase na articulação do núcleo urbano com o contexto regional e com a estratégia de colocar a cidade a serviço do campo. A organização do urbano, mediada pela produção agrária parece ter sido a característica mais significativa deste Plano (INDUR, 1984). Entre 1979 e 1980 é implantado na região o Plano de Desenvolvimento Integrado de Alto Paraíso, dentro do Programa de Diretrizes do Governo Estadual, elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Urbano de Goiás - INDUR, extinto em 1985.
Documento do INDUR (1979), enfatiza que:
“Como fator de desenvolvimento foi proposto, pelo Plano de Governo (Ary Valadão) o incentivo a hortifrutigranjeiros, mais especificamente, à exploração de frutas de clima temperado, objetivando abastecer o mercado do Distrito Federal e Goiás; e a instalação da Sede de Verão do Governo do Estado, na sede do Município, tendo em vista o fato de que a cidade usufruirá de toda uma infra-estrutura que deverá ser implantada para apoiar esta função administrativa.”
O objetivo explícito do Projeto era a fixação da população dos municípios do norte e nordeste goiano em suas própria regiões nativas, desafogando com isso o fluxo migratório para o entorno de Brasília, porém dentro de um quadro referencial centrado no desenvolvimento, onde a questão da preservação dessa importante região não era nem ao menos mencionada.
Apesar desta instalação da sede de verão não ter se concretizado, o Programa possibilitou a implantação de uma relativa infra-estrutura na cidade – parte concluída posteriormente e parte sem conclusão - hotel, hospital, aeroporto, armazém-silo, conjunto residencial, centro administrativo (prefeitura e fórum), agência bancária, sistema de abastecimento de água, abertura de ruas e pavimentação asfáltica. O objetivo era a implantação num prazo de cinco anos de uma cidade de trinta mil habitantes, previsto inclusive na Lei Municipal 519/80, ou seja, cerca de cinqüenta vezes a sua população naquele ano de 1980 que era de seiscentos habitantes.
Entre os fatores que contribuíram para a não implementação do projeto, além da morte do filho do Governador que estava como responsável pela administração do mesmo, pode-se mencionar a inadequação do projeto à realidade, a utopia da sua concepção, as injunções políticas no conjunto das propostas apresentadas e a exiguidade do prazo previsto para sua implantação tendo em vista o porte e à complexidade do mesmo (INDUR,1984). A mudança de governo e as modificações nas prioridades do estado, em função da escassez de recursos os quais começaram a diminuir na década de 1980, também contribuíram para a decadência do projeto.
No alvorecer da década de 80, outro projeto é implantado em Alto Paraíso. De natureza sócio-cultural, este projeto busca espaço no Planalto Central para vivenciar novas formas de tecnologia, de alimentação, e de comportamento além de outras posturas de vanguarda. É o "Projeto Rumo ao Sol". No Natal de 1980, é realizado na Bona Espero (Fazenda Escola dos adeptos do Esperanto) um encontro com mais de 180 "alternativos", trazendo até a Chapada as sementes de um novo modelo de colonização, baseado nos pressupostos da preservação da natureza, da produção e do consumo de alimentos naturais, do crescimento espiritual e da vida em comunidade.
Até meados da década de 1980, Alto Paraíso, que integra a região geoeconômica de Brasília, se manteve em relativo isolamento sócio- cultural, em função do difícil acesso ocasionado pela inexistência de estradas pavimentadas.
As mudanças provocadas por projetos do governo, principalmente o asfaltamento da GO-118 (Brasília-Nordeste Goiano em 1985); a progressiva migração de novos alternativos após o "Projeto rumo ao Sol"; as primeiras divulgações da mídia nacional evocando belezas cênicas e "poderes energéticos" produzidos pelo cristal; mais a crescente onda nos meios urbanos de preocupação com a ecologia e com o meio ambiente provocam o "boom do ecoturismo".
Brasília descobre o "Parque dos Veadeiros" e São Jorge eleva-se à categoria de balneário internacional. Na virada de 90, são as seitas religiosas que anunciam sua chegada, com o "Ecoturismo" provocando a chegada de novos visitantes e moradores. Dentre as seitas mais expressivas que vieram nesta ocasião pode-se citar: os Cavaleiros de Maytréia, os adeptos de Saint Germain que construíram as Cúpulas e os seguidores de Osho. Novas seitas e correntes espirituais continuam chegando enquanto outras já deixaram a região.
A partir do início da década de 90, presencia-se o surgimento das primeiras ONGs, de caráter ambiental, que passam a desempenhar ativo papel na defesa do patrimônio natural da Chapada. dos Veadeiros. Como exemplos podemos citar a ACV-CV - Associação dos Condutores de Visitantes da Chapada dos Veadeiros; a ASFLO-Associação dos Pequenos Extrativistas de Flores do Cerrado da Chapada dos Veadeiros; a ASJOR - Associação Comunitária da Vila de São Jorge; AMOR MOINHO – Associação dos Moradores do Povoado do Moinho, todas de inspiração local. Outras, inclusive de caráter internacional como a WWF – Fundo Mundial para a Natureza vêm a seguir.
O surto de turismo observado nos últimos anos ocasionou o incremento do setor terciário, sobretudo no que diz respeito a prestações de serviços de hotelaria e alimentação com ênfase nos períodos de maior atividade turística - o verão e os feriados prolongados.
Por outro lado, muitas pessoas vindas de centros urbanos e ligadas a sistemas de crenças diversas começaram a se estabelecer na região, tendo em comum uma proposta de vida alternativa. A Chapada dos Veadeiros tem sido proclamada em todo o país e mesmo no exterior como a sede da civilização do Terceiro Milênio, o que fez com que chegassem nos últimos anos, esotéricos de diversas seitas e crenças.

Fonte: www.alto.paraiso.nom.br

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